terça-feira, 12 de julho de 2011

FALANDO SOBRE VAQUEJADA

Falando Mais Um Pouco Sobre a Vaquejada



O propósito aqui é mostrar, do ponto de vista cavalo-cavaleiro, o mundo que envolve este esporte maravilhoso que é a vaquejada. Hoje, pode-se constatar claramente que não há mais limites para quem participa das competições. Encontram-se jovens urbanos, médicos, engenheiros, jornalistas, enfim, todos os segmentos sociais aparecem envolvidos neste, que consideram uma paixão inexplicável. Uma paixão, que para alguns passa de pai para filho.


Comecemos falando do objetivo fundamental deste esporte: Derrubar o boi na faixa. Percebe-se de inicio que a festa seria toda dos vaqueiros, mas se analisarmos bem no que diz respeito à habilidade, a proporção é de 50% para cavalo e cavaleiro. Logo, um bom vaqueiro não consegue se apresentar sem um cavalo bem adestrado. O mérito de uma boa apresentação não fica somente com o puxador e o seu cavalo, mas sim com o cavalo de esteira, que além de ter o mesmo valor comercial, por algumas vezes "rouba a cena", impedindo com o próprio corpo que o boi role para fora da última faixa e ajudando o puxador a derrubar, desequilibrando o gado com uma pancadinha sutil antes da carga.
Se o vaqueiro tem importância, os cavalos são disputados a peso de ouro, quando bem treinados e desempenham com perfeição o trabalho na pista. Há casos em que os melhores cavalos são vendidos por até R$ 200 mil reais. Outros, segundo os proprietários, não têm preço. Por isso merecem cuidados especiais. São tratados com alimentação especial, rações balanceadas, suplementos alimentares a açúcar. Viajam em carretas caras e são ornados com arreios da melhor qualidade. E é justamente esse um outro ponto importante para quem corre vaquejada porque são os arreios que garantem a segurança do cavaleiro. Em função disso todo o equipamento é reforçado e exige um acabamento perfeito, em rédeas, cilhas e sobrecilhas, bem como sela e estribos. 
Os cavalos mais preferidos são os da raça quarto de milha, puros ou cruzados com PSI, árabe, ou appaloosa. O cruzamento, além de ser responsável por mais de 80% do plantel de eqüinos de competição nesta modalidade, vem se destacando por produzir animais de extrema docilidade, versatilidade, agilidade e vigor físico.
O treinamento começa assim que o animal tiver condições de ser montado e após a castração, normalmente feito depois dos dois anos de idade. Na proporção que a doma é completada, o animal é posto na porteira do brete com a finalidade de aprender a esperar pacientemente a partida do boi, sem se assustar com solavancos ou barulhos. Partindo ao mesmo tempo, nem antes nem depois. Sua obrigação a partir daquele momento é acompanhar qualquer movimento do boi "pescoço a pescoço" até as imediações da primeira faixa, quando deve acelerar o máximo que puder, correndo em uma diagonal (quase perpendicular) para o lado oposto, finalizando com uma parada estanque tal como nas provas de rédeas, e o mais próximo possível da cerca. Em outras palavras, quando atingir este estágio, após aproximadamente um ano de treinamento, o animal estará formado e pronto para competir e se aprimorar até sua maturidade total.
É bem verdade que os eqüinos lembram muito os humanos. Têm preferências, manias e quanto mais inteligentes, aprendem com mais rapidez a se defender das ordens e dos comandos impostos. Fazendo, às vezes, deixar de valer a pena investir mais em treinamento.
Bem, para que este esporte seja bem-sucedido, é preciso de regras. As principais são:

O BOI
  1. É preciso que o boi tenha a maçaroca grande, de forma que o vaqueiro possa passar a volta. ( maçaroca = calda ou popularmente rabo do boi )
  2. O boi só valerá se cair entre as duas faixas de forma que não “queime” a primeira.
  3. O boi só será dado como retorno, se este passar da faixa do retorno e por sua vez virar-se de frente para o brete.
  4. O boi só é corrido se não outro boi ou animal de alguma forma atrapalhando a corrida do boi e da dupla
  5. A boiada será escolhida pela organização de cada evento 


    A DUPLA (o vaqueiro)
    1. O vaqueiro só pode correr de forma que tenha o esteira.
    2. Toda dupla tem que ser constituída por um puxador e um esteira.
    3. A dupla não pode em hipótese alguma "chicotear" o boi.
     
                                                          A PONTUAÇÃO
    Geralmente cada festa profissional é pontuada com seis bois da seguinte forma:
    1. Primeiro boi = 8 pontos.
    2. Segundo boi = 9 pontos
    3. Terceiro boi = 10 pontos
    4. Quarto boi = 11 pontos
    5. Quinto boi = 12 pontos
    6. Sexto boi = 13 pontos.

    Geralmente os bois são corridos três de menor pontuação no sábado

    Apesar dos tamanhos variados, o que se pode chamar de "padrão" é uma pista com superfície de areia, tendo um "brete" e uma porteira para saída do gado. O comprimento médio é de 160m, dos quais os primeiros 100m são reservados para a distância de corrida; 10m entre faixas para zona de pontuação e 50m para área de desaceleração do cavalo. A largura varia entre 15 e 20m na saída e 25 e 45m na direção das faixas. Medida tomada sem levar em conta os corredores laterais para o retorno de gado e das duplas de competidores durante a competição. Um posto para a comissão julgadora e uma arquibancada são fundamentais para complementar a festa, pois ajudam a organizar a multidão de curiosos que se aglomera em toda extensão da pista. Fazendo muitas vezes que o gado corra pelo meio, dificultando o trabalho das duplas. 


    Dentro deste limite será válido o ponto, somente quando o boi, ao cair, mostrar as quatro patas e levantar-se dentro das faixas de classificação. O boi será julgado de pé; deitado, somente caso não tenha condições de levantar-se. Participa desta competição sempre uma dupla de vaqueiros.  A dupla tem que derrubar o boi entre as duas linhas ou faixas (10m entre uma e outra). Cada dupla tem o vaqueiro de esteira (aquele que ajuda o puxador, ajeitando e alinhado o boi na pista), o puxador (puxa o boi pelo rabo e derruba entre as linhas). Se o puxador derrubar o boi entre as faixas então "Valeu Boi" e a dupla ganha seu respectivo ponto.
    O boi que ficar da pá para frente, em cima da faixa receberá nota zero de imediato. A disputa do Campeão dos Campeões será feita na ordem decrescente, ou seja, da última colocação para a primeira. A vaquejada começa no primeiro dia do evento, quando também se inicia a seleção ou classificação das duplas de vaqueiros.
    O vaqueiro que não estiver presente na hora de sua chamada, fica para o "rabo da gata", ou seja corre no último bloco, após todas as chamadas, os seus bois perdidos, consecutivamente.
    Com o passar do tempo, o esporte se popularizou de tal forma que existem clubes e associações de vaqueiros em todos os estados do nordeste, calendários com datas marcadas e até patrocinadores de peso, dando apoio aos eventos, que envolvem um espírito de competição e um clima de festa capaz de arrastar multidões. Os Parques de Vaquejadas mais modernos possuem sistema de sonorização próprio, iluminação para eventos noturnos, câmaras de tira-teima e regulamentos rigorosos, que impedem o uso de "chicote de vela", luvas com peças metálicas, pregos ou parafusos e até mesmo bater na cara do boi quando ele corre para o lado oposto ao do puxador. Tudo isso tem contribuído para a profissionalização do esporte e para torná-lo mais agradável de ser assistido.
    O mais interessante, no entanto, é o poder de gerar negócios que a vaquejada conseguiu promover, atualmente. No Parque NAPOLEÃO BONAPARTE VIANA, em Caucaia, a 40km de Fortaleza e no Parque MARIA DA LUZ, em Campina Grande acontecem as maiores provas, com um número superior a 400 inscrições feitas, com bois de 450 kg de peso em média. Alguns conseguem resultados com certa precocidade, mas o tempo médio em vida útil, que o animal atinge seu ponto alto, está entre 10 e 15 anos. Podendo dentro, deste intervalo, ter seu valor variando entre US$ 8.000,00 e US$ 80.000,00.
    Você sabia que:
    1 – “Boi saído é boi corrido", expressão muito comum entre os locutores de vaquejada. Traduzindo diz que, a partir daquele momento, uma vez solto, o boi tem todas as condições de ser convertido em pontos. Exceto se durante o percurso ele virar sua cabeça em direção ao ponto de partida ou acontecer um acidente com o cavalo.
    .2 - O puxador, após a saída do boi, aguarda a passagem de sua calda pelo "bate-esteira” que está naquela posição para alinhar a corrida e conferir a queda no meio das faixas, fazendo valer o boi.
    3 - Em algumas situações, se durante a corrida de "rabo da gata" o vaqueiro perder algum boi e todas as vagas de prêmio já estiverem preenchidas, ocorre a "morte súbita", que é a desclassificação sumária, pois mesmo que ele pontue dalí pra frente, sua soma ainda assim será inferior ao do último candidato a prêmio. Entretanto, em circuitos de etapas com somatório por ponto corrido, é dado o direito ao participante de correr todos os seus bois.
    4 – O próprio regulamento em alguns lugares, obriga a abertura da porteira do brete e a saída do "boi da vez", quando um vaqueiro chamado não se faz presente.
    5 - "Boi mobral" é aquele tipo de boi que nunca esteve em competições, normalmente o preferido pela maioria dos vaqueiros por não ter vícios, como por exemplo, "escorar", que é o mesmo que parar repentinamente no meio do percurso, provocando com isso alguns acidentes e quedas bonitas por desequilíbrio na sela.
    6 - A boiada tem que ser uniforme, ou seja, os animais têm que ter equivalência em peso e tamanho, para que a disputa não seja injusta e desigual.
    7 - Que o cavalo ideal para a vaquejada tem que ter, em média, 7 a 8 anos

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