domingo, 27 de março de 2011

CUIDADOS COM SEU ANINAL

Tire suas dúvidas sobre a Anemia Infecciosa Equina (AIE)

A medicina veterinária preventiva é indispensável na criação de equinos na atualidade, tendo em vista que muitas enfermidades, sobretudo as infecciosas, podem ser evitadas minimizando-se desta forma os custos financeiros da criação, principalmente com tratamentos de enfermidades que envolvem gastos com honorários do profissional veterinário e medicamentos. Os instrumentos profiláticos frequentemente adotados são estabelecidos atavés de um bom manejo alimentar, vermifugação, vacinação, boas instalações e outras medidas profilático-sanitárias, como por exemplo as barreiras naturais e artificiais, placas indicativas e proibitivas, pedilúvios, qualidade da água e dedetizações periódicas das instalações, todas elas preferencialmente orientadas e supervisionadas por médico veterinário capacitado.
   A Anemia Infecciosa Equina (AIE) é uma enfermidade infecciosa de origem viral, que acomete algumas espécies da Ordem Perissodactyla, sobretudo, os da família Equidae, popularmente também conhecida como “Febre dos Pantanos”, pois, nos pantanos e regiões alagadiças há um grande numero de possíveis vetores hematófagos capazes de transmitir o vírus causador desta grave enfermidade. A importância dada a esta doença, deve-se sobretudo ao seu caráter, a princípio irreversível, que leva os pacientes acometidos à óbito ou mesmo causando infecções persistentes em hospedeiros naturais, fato este, indesejável em um plantel, especialmente, ao se tratar de hospedeiros de espécie equina de alto valor zootécnico.
   Esta enfermidade caracteriza-se por ser cosmopolita, com manifestações agudas, sub-agudas, crônicas ou assintomáticas, tendo esta sido detalhadamente descrita no século XX.
 Pesquisadores realizaram investigações substanciais deste vírus “in vitro”, descobrindo a alta afinidade genética deste vírus com o vírus da imunodeficiência humana – HIV. Entre os anos de 1957 e 1969, a AIE foi detectada e reconhecida no Brasil, sendo os primeiros relatos para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Entretanto, posteriormente foram relatados surtos epidêmicos no pantanal Mato Grossense, na Ilha de Marajó e casos esporádicos no Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Minas Gerais. A base etiológica desta doença é um RNA-VIRÚS com alta capacidade mutagênica, pertecente a família Retroviridae, sub família lentavirinae e gênero lentivirus que pode infectar todos os equídeos, sem predileção por raça, sexo e idade, com índices de morbidade e mortalidade variáveis.
   A transmissão deste vírus, a princípio, não ocorre por contato direto, devendo haver a presença de vetores hematófagos, havendo relatos para Dípteros, como a mosca de estábulo “Stomox Calcitrans e a mosca do cavalo “Tabanus sp., estando estes vetores epidemiológicamente e substancialmente envolvidos na presença e transmissão desta enfermidade. A transmissão iatrogênica através de instrumentos e ou agulhas não esterilizados também são reconhecidas como possibilidades mecânicas para haver a transmissão viral, desta forma, a importância desta enfermidade é reforçada frente a criação de equinos em todo o mundo, onde estes instrumentos encontravam-se substancialmente presentes. Urina, saliva e outras secreções podem ter a presença do vírus, porém, em uma carga viral insuficiente para disseminá-lo. Paradoxalmente, a transmissão vertical (mãe para o feto) é viável, bem como através do colostro e do sêmen durante a fase virêmica. Após o ingresso do vírus no organismo susceptível, ha uma multiplicação inicial nas células retículo-endoteliais e especialmente nas células de Khupffer presentes no fígado, bem como em todo o organismo. Após uma viremia inicial, é possível se isolar o vírus presente em órgãos linfóides. A ação viral é percebida clinicamente e ou laboratorialmente por uma depleção (diminuição) na produtividade hematólogica na medula óssea, bem como no tempo de vida de hemácias circulantes.
   Os sintomas clínicos são variáveis, desde um portador assintomático até um paciente com doença crônica, sendo todas em suas diferentes formas clínicas de apresentação, consideradas fontes   potenciais de contaminação e infecção. Havendo manifestação clínica, os equinos podem apresetar   febre, anorexia, anemia, fraqueza, perda de peso corpóreo, hemorragias petequiais, icterícia e edemas, associados entre si ou isoladamente.
   O diagnóstico é estabelecido laboratorialmente através do teste de imunodifusão em Gel Agar (IDGA), que é o teste oficial para confirmação da doença em equinos reconhecido pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento. Este teste conhecido como “Teste de Coggins” foi descrito primeiramente pelo pesquisador de mesmo nome, que estabeleceu sua especificidade para a AIE.
   O tratamento específico é até o presente momento considerado ineficaz, e portanto inexistente, sendo a profiláxia, incluindo o controle dos equinos e vetores, a melhor alternativa para se evitar a doença. 
   A AIE inclui-se na lista de doenças passíveis de rigorosas medidas sanitárias, onde no ano de 1981 foi publicado uma Portaria Ministerial que recomenda a Secretária Nacional de Defesa Agropecuária adotar normas técnicas para o controle e erradicação desta enfermidade em todo o território nacional, citando como exemplo, a obrigatoriedade da Guia de Trânsito Animal (GTA); que deve constar durante o deslocamento dos mesmos, incluindo-se neste caso, para a emissão do GTA a obrigatoriedade da posse do exame de AIE com resultado negativo e dentro do prazo de validade, exame este que só é reconhecido se realizado por Médico Veterinário e laboratório credenciado pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento.
   A legislação brasileira recomenda a notificação obrigatória ao Ministério da Agricultura e Abastecimento de casos diagnósticados positivos para AIE laboratorialmente realizado pelo “Teste de Coggins”, seguido de realização de eutanásia dos referidos animais.
   É importante o acompanhamento pelo Médico Veterinário dos equinos de um plantel, realização de exames periódicos e implatação de um manejo adequado. Sempre que for adquirir novos animais não abrir mão de orientações especializadas do Médico Veterinário para se previnir e não adquirir animais enfermos, evitando assim problemas e prejuízos posteriores a compra.
 
 
Dr. ERISSON AQUINO LOPES
MÉDICO VETERINÁRIO

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